If you come closer I´ll show you how it feels

O que ouves lá fora que se confunde com o vento sou eu a bater-te à porta. Abre-a, convida-me para entrar, vamos abrir todas as janelas e deixar a brisa da primavera invadir os nossos sonhos. Vamos sonhar juntos. Adormecer, acordar num mundo melhor. Abre-a, diz que estavas à minha espera à muito tempo, na facilidade de respirar o pólen das flores.
Não me derrubas, eu não te pertenço
Eu sou do ar, o ar que é de todos e
Não é de ninguém. Sou da folha que cai,
Da planta que nasce, do encanto das açucenas
Quando cair, do chão não passo
Quando me levantar, sei que te ultrapasso
Não me derrubas, eu não te pertenço
E como a ave que voa:
Parto, chego e venço!

Mudez

 Pergunto: o que faz alguém merecer a tua mudez, a invenção da tua voz calada? O medo da união das palavras não pode ser suficiente. Ignorância e desprezo: mentira e mentira. Existe gravada na memória do éter a tua mão na minha, naquele tempo distante. Existe um certo brilho escondido no olhar. Existe a lua a observar-nos, tu na tua vida e eu na minha. Pergunto: se a lua tivesse boca, língua e dentes, se a lua soubesse gritar, não nos faria acordar um pouco desta condição de humanos imperfeitos?
Photo: Andy Bettles

.


Não somos mais do que esta cólera que me consome. Não fazemos parte dos risos abafados pelas fechaduras, lá fora, nas esplanadas. Não observámos o chegar da primavera, nem nos demos conta que há muito mais para lá do silêncio.
Foto: Ann He
 
Designed by Lena Header image by Vladstudio