O Fernando Pessoa tinha razão

Tudo o que faço ou medito
Fica sempre na metade.
Querendo, quero o infinito.
Fazendo, nada é verdade.

Que nojo de mim me fica
Ao olhar para o que faço!
Minha alma é lúcida e rica,
E eu sou um mar de sargaço.

 
Mas que verdade esta... Há dias em que o sinto na pele como o frio dos dias que correm, como a neve a congelar um corpo nu e despido da sua própria alma, do seu próprio sangue. Os anos passam, as rugas aparecem e a força vai faltando, a doença vai-nos talhado. Esteja onde estiver, mesmo que não esteja, espero que o Fernando Pessoa se tenha esquecido de dizer que nem sempre é verdade e, que se for, vale o esforço e a tentativa.
Poema: Fernando Pessoa
Foto: Little Zorra

The Real Chords

Sou uma apreciadora nata de música pesada. Muitas vezes olhado de lado, a verdade é que o metal emana em si uma essência deslumbrante, encantadora. "Apenas pessoas aos berros e sem qualquer tipo de beleza?" Nada  disso... Existe toda uma expressividade musical extremamente bela e complexa. O metal tem dentro do seu ramo vários estilos, dos mais melódicos e calmos aos mais extravagantes, que se conseguem adaptar às mais diversas situações e estados de humor. Existe ainda o enorme talento daqueles que o produzem: pessoas que tocam instrumentos e cantam como ninguém, com personalidades musicais únicas e autênticas. Além disso a música pesada consegue ser de tal forma apaixonante que consegue fazer valer a pena dar 50€ para ver um concerto, coisa que talvez num ou outro estilo musical não se note com tanta frequência.
Não desprezo de todo outros estilos de música, até porque acredito na liberdade musical  e sei que o mundo é grande e tem demasiadas coisas para desfrutar e gostar. Devemos sempre seguir aquilo que sentimos que nos faz bem e não o que achamos que nos faz bem, independentemente de rótulos certos ou errados. Quando compramos um medicamento, o rótulo é bom para que estejamos a par de uma ou outra informação, mas saber essa informação não nos cura, o importante é o medicamento em si e o efeito para o qual o tomamos. 
Assim somos nós, assim é a vida, assim é o amor, assim é a música.

Foto: 365 Days - Day 212 - By SMercury98

Just let it go

Nos que entram
Nos que ficam
Nos que vão
Nós crescemos


O frio começa a apertar cada vez mais e choveu torrencialmente durante toda a noite. Contudo, a manhã mostrou-se limpa e azul cor de céu. Com o passar dos anos, sou uma rapariga que podia ter seguido outros caminhos e conhecido outras pessoas, mas se há coisa sobre a qual ninguém tem escolha, é sobre o próprio nascimento, e isso acaba logo por trazer uma série de situações que nos estão inerentes. Outro facto, é que o ser humano é demasiado complexo, imprevisível em muitos casos, e isso levamos a não saber se somos compatíveis com esta ou aquela amizade, amor, conhecimento, etc.  
Após alguns dias a pensar no assunto, meti finalmente em prática a ideia de deitar algumas memórias fora. Palavras, gestos, sentimentos, situações, momentos que não fazem falta, coisas que já mudaram ou já não existem e que de algum modo não queria continuar a alimentar. Hoje, talvez tivesse mudado algumas atitudes, mas quem não gostaria de voltar atrás e mudar alguma coisa? Um mal comum entre todos. No entanto, tenho a certeza de que boas ou más, todas as experiências nos levam a algum lugar, ao nosso lugar. E concluo que se aquilo que sentimos e agimos não mudasse, seria um mau sinal de que não tínhamos crescido nem evoluído, e continuávamos naquele patamar cada vez mais atrasado e arrastado até à pura decadência. 
Simplesmente existem memórias que não vale a pena guardar ou alimentar, porque no dia em que nos libertamos delas, entram outras bem melhores. Crescer, deixar as coisas ir, fluir, qualquer uma destas palavras serve.

Eu sou do tempo...

- em que algumas pessoas não entendiam algumas coisas;
- em que ainda não tinha aprendido o suficiente sobre a importância que tem um fim;
- em que as pessoas preferem crer que há males que vêm por bem em vez de se assumirem que estavam erradas em relação ao que as levou à decadência, e voltam sempre ao mesmo ciclo vicioso em vez de tentarem realmente mudar;
- em que ainda não me tinha apercebido que quem cala, nem sempre consente;
- em que uma música, um objecto ou um animal tinha/tem o poder de iluminar o abismo;
- em que existiam gestos que eu era capaz de fazer;
- em que algumas verdades passavam da teoria para a prática;
- em que...

Que é feito de ti?

Que é feito de ti?
É uma verdade e um facto. São dois aspectos e dois é maior do que um, é mais forte. Se falo sobre ti com a chuva, é apenas a esperança  dessa chuva vir a molhar o teu corpo e não por saber que também lhe falas sobre mim. Eu pouco ou nada sei, invento. Pouco importa se mais ou menos à mesma hora ingerimos alimento, se ambos nos metemos dentro da banheira e vestimos roupa lavada, se somos humanos e existem muitos aspectos  que temos fatalmente em comum. Invento mil sonhos contigo dentro deles, porque de alguma forma isso me trás brilho ao olhar e reside em mim um incontrolável instinto de sobrevivência. Mas que é feito de ti? Nunca irei saber... és tão imprevisível como qualquer ser que se move sobre ou debaixo da terra e há muito tempo que aprendi que não se deve subestimar ninguém, nem mesmo nós próprios.

Texto escrito por mim
Foto: Federico Erra

Outro Poema


Sem saber quase nada,
deixo de acreditar que o destino,
somos nós que o construímos.
Deixo-me levar por ele, na esperança
 iludida dele nos trazer o que
queremos que ele traga e de ser
o que queremos que ele seja.

Não, não sou um ateísta morto
Ou a transformação de uma
Mentira em verdade.
Sou apenas um olhar vagabundo
A querer ver a certeza dos teus
Passos, antes de se fechar para
O mundo, na única verdade
Que é estar-se apaixonado.


 
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